A Quaresma comemora os quarenta
dias que Jesus passou no deserto, como preparação para esses anos de pregação
que culminam na Cruz e na glória da Páscoa. Quarenta dias de oração e de
Penitência que, ao findarem, desembocam na cena que a Liturgia oferece à nossa
consideração: as tentações de Cristo.
Jesus Cristo foi tentado. A
Tradição esclarece a cena considerando que Nosso Senhor quis também sofrer a
tentação para nos dar exemplo em tudo. E assim é, porque Cristo foi perfeito
Homem igual a nós, exceto no pecado.
Jesus respondeu não ao demônio ao
Príncipe das trevas. E logo se manifesta a Luz. “Depois disto o diabo O deixou; e eis que os Anjos se aproximaram e o
serviram” Mt 4,11. Jesus suportou a prova, uma prova verdadeira, porque,
como comenta Santo Ambrósio, não procedeu como Deus, usando do Seu poder
– senão, de que nos serviria a seu exemplo? _ mas, como homem, serviu-se dos
meios que tem em comum conosco.
[...] Contemplamos brevemente esta intervenção dos Anjos na vida de
Jesus, pois assim entenderemos melhor o seu papel _ a missão angélica_ em toda
a vida humana. A Tradição cristã descreve os Anjos da Guarda como grandes
amigos, colocados por Deus ao lado de cada homem para o acompanharem em seus caminhos.
Por isso nos convida a procurar a sua intimidade, a recorrer a eles.
Ao fazer-nos meditar nestas
passagens da vida de Cristo, a Igreja recorda-nos que, neste tempo da Quaresma,
em que nos reconhecemos pecadores, cheios de misérias, necessitados de purificação,
também há lugar para a alegria. Porque a Quaresma é simultaneamente tempo de
fortaleza e de júbilo: temos de encher-nos de coragem, já que a graça do Senhor
não nos há de faltar: Deus estará ao nosso lado e enviará seus Anjos para que
sejam nossos companheiros de viagem, nossos prudentes companheiros ao longo do
caminho, nossos colaboradores em todas as nossas tarefas: [...] “os Anjos te levaram nas mãos, para que teu
pé não tropece em alguma pedra” .Sl 90
Temos que saber tratar os Anjos
com intimidade: recorrer a eles agora, dizer ao nosso Anjo da Guarda que estas
águas sobrenaturais da Quaresma não resvalaram sobre a nossa alma, mas
penetraram nela até o fundo, porque temos o coração contrito. Peçamos-lhe que
leve até o Senhor a boa vontade que a Graça fez germinar sobre a nossa miséria,
como um lírio nascido no meio do esterco.
Sancti Angelli Custodis nostri, defendite nos in proelio, ut non pereamus
in tremendo iudicio. Santo
Anjo da Guarda defenda-nos no combate, para que não pereçamos no tremendo
Juízo.
“É Cristo que passa” – Homilias de S.
José Maria Escrivá
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