A leitura do Evangelho de Luc 2,1-20 nos ajuda a descobrir
qual é o estilo de agir de Deus na história da Salvação dos homens.
“Não há nada que desoriente tanto a mente
humana, como a simplicidade das obras divinas, se comparadas com a
magnificência dos efeitos que consegue...”
Assim escreveu Tertuliano, referindo-se à grandiosidade dos
efeitos do Batismo e à simplicidade dos meios e sinais exteriores, que se
limitam a um pouco de água e a algumas palavras.
Vivemos numa época em que a tecnologia impera em todas as
áreas e de maneira especial nos meios de comunicação. Somos bombardeados
constantemente por efeitos especiais e nos tornamos tão exigentes em nossos
cinco sentidos, que corremos o risco de não perceberemos os milagres da vida
que ocorrem no nosso meio.
Se abríssemos o Evangelho no espírito, e em contemplação nos
transportarmos até Belém, como nos sentiríamos naquela noite, após a longa
caminhada de José e Maria, sem encontrarmos uma hospedaria? Talvez tal simplicidade
nos assustaria e provavelmente a humildade extrema de José nos incomodaria.
Para vivermos o
espírito do Natal temos que abrir o nosso espírito para Deus e conhecer Nele a
ciência de sua humildade.
Em primeiro
lugar, aprendemos neste evangelho que Deus é essencialmente simples, em tudo
que faz em todas as formas como age. Escolheu assim o Seu Caminho para chegar
até os homens.
“E para
vivermos o Natal de Cristo temos que ter a simplicidade original de Deus; a
mesma escada que o senhor Deus escolheu para descer até nós é a que nos levará
até Ele, e esta escada se chama simplicidade, humildade.”
“Bem aventurados os pobres de coração pois
deles é o Reino dos Céus.”
Certamente quando trabalhamos para Deus, devemos sempre dar e
fazer o melhor, pois trabalhamos para o Rei, mas sem perdermos de vista a santa
humildade que nos levará até Ele.
Continuando nossa
caminhada no evangelho, outro detalhe importante que nos mostra é o espírito de
vigilância. Os pastores ouviram o anúncio dos Anjos porque estavam em
vigilância. Quantas vezes dormimos e deixamos de ouvir o apelo do Mestre:
“Vigiai e orai”...
Vigiar é
estar atento à presença de Deus, é buscar sempre a Sua Santíssima e sábia
vontade. Muitas vezes não percebemos Deus em nossas vidas porque somos
distraídos e dados mais às coisas externas e superficiais. Ter um coração
vigilante é ter um coração que procura escutar a Deus nos acontecimentos, na
palavra, no irmão e no próprio coração. Deus está presente no nosso meio e quer
nos falar... “quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
O verdadeiro espírito do Natal deve gerar em nós uma
expectativa, um desejo de espera, que clama pelo Deus vivo que nascerá mais uma
vez na Igreja.
“Maranathá”,
vem Senhor Jesus!
Deve brotar
do nosso coração não como uma idéia bonita, mas como um clamor vital de nossa
fé.
E neste vigiar devemos viver para o espírito de penitência, a
Kénosis, que é o esvaziar-se de si mesmo para que o outro entre.
Olhando mais uma vez para a passagem do Evangelho de Lucas,
podemos perceber que Jesus e Maria e José não encontraram albergue naquela noite, porque estava cheia
de peregrinos.
Irmãos, Deus nos procura. Que o nosso coração, apesar de ser
uma gruta pobre, escura e fria, se transforme nesta Santa Hospedaria.
Leila Pereira Mauad
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