Todas as quartas feiras, o papa Bento
XVI recebe milhares de fiéis e peregrinos para a tradicional Audiência Geral;
as chamadas “Catequeses do papa”. Com a abertura do “Ano da Fé”, ele deu início
a uma nova série de catequeses sobre a fé.
“O
que é a fé? Ainda tem sentido a fé, num mundo em que ciência e técnica abriram
horizontes até há pouco tempo impensáveis? O que significa crer hoje? Com
efeito, no nosso tempo é necessária uma renovada educação para a fé, que inclua
sem dúvida um conhecimento das suas verdades e dos acontecimentos da salvação,
mas sobretudo que nasça de um encontro
verdadeiro com Deus em Jesus Cristo, do amá-lo, do ter confiança nEle, de modo
que a vida inteira seja envolvida por Ele.”
“Hoje,
juntamente com tantos sinais de bem, aumenta ao nosso redor um certo deserto
espiritual... Não obstante a grandeza das descobertas da ciência e dos êxitos
da técnica, hoje o homem não parece ter-se tornado verdadeiramente mais livre,
mais humano... Além disso, um certo tipo de cultura educou a mover-se só no
horizonte das coisas, do realizável, a acreditar unicamente naquilo que se vê e
se toca com as próprias mãos... [Mas] temos necessidade não só do pão material,
precisamos de amor, de significado e de esperança, de um fundamento seguro, de
um terreno sólido que nos ajude a viver com um sentido autêntico também na
crise, nas obscuridades, nas dificuldades e nos problemas quotidianos.”
“A
fé oferece-nos precisamente isto: é um
entregar-se confiante a um “Tu” que é Deus... que é Pai e que me ama; é adesão a um “Tu” que me dá esperança e
confiança.”
“Em
Cristo, Deus nos mostrou o Seu Rosto e fez-Se realmente próximo de cada um de
nós... Revelou que Seu amor pelo homem, por cada um de nós, é incomensurável:
na Cruz, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que Se fez homem, mostra-nos do modo
mais luminoso até que ponto chega este amor, até ao dom de Si mesmo, até ao
sacrifício total. Com o mistério da Morte e Ressurreição de Cristo, Deus desce
até ao fundo na nossa humanidade, para lha restituir, para a elevar à sua
altura. A fé é crer neste amor de Deus que não diminui diante da maldade do
homem, perante o mal e a morte, mas é capaz de transformar todas as formas de
escravidão, oferecendo a possibilidade da salvação. Então, ter fé é encontrar
este “Tu”, Deus, que me sustém e me faz a promessa de um amor indestrutível,
que não só aspira à eternidade, mas também a concede; é confiar-me a Deus com a
atitude da criança... E esta
possibilidade de salvação através da fé é um dom que Deus oferece a todos os
homens.”
“A
fé é dom de Deus, mas é também ato profundamente livre e humano. O Catecismo
da Igreja Católica afirma-o claramente: “O ato de fé só é possível
pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Mas não é menos
verdade que crer é um ato autenticamente humano, pois não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem” (Cat
154). Crer é confiar-se com toda a liberdade e com alegria ao desígnio
providencial de Deus sobre a história, como fez Abraão, como fez Maria de
Nazaré. Então, a fé é um assentimento com que a nossa mente e o nosso coração
dizem o seu “sim” a Deus, professando que Jesus é o Senhor. E este “sim” transforma a vida, abre-lhe o
caminho rumo a uma plenitude de significado, tornando-a assim nova, rica de
júbilo e de esperança confiável.”
“Caros
amigos, o nosso tempo exige cristãos que
tenham sido arrebatados por Cristo, que cresçam na fé graças à familiaridade
com a Sagrada Escritura e com os Sacramentos. Pessoas que sejam quase um
livro aberto que narra a experiência da vida nova no Espírito, a presença
daquele Deus que nos sustém no caminho e nos abre para a vida que nunca mais
terá fim.”
“Acreditar
em Deus nos faz possuidores de títulos que muitas vezes não coincidem com a
moda e o parecer do tempo, e nos pede para adotar critérios e se engajar em
condutas que não pertencem a maneira comum de pensar. O cristão não deve ter medo de ir “contra a maré” para viver a fé,
resistindo a tentação de “conformar-se” [com o mundo de hoje]. Em
muitas sociedades, Deus tornou-se o “grande ausente” e em Seu lugar há muitos
ídolos... No entanto, a sede de Deus (cf. Sl 63,2) não foi extinta e a mensagem
do Evangelho continua a ressoar através das palavras e ações de muitos homens e
mulheres de fé.”
Vamos
aproveitar este Tempo da Quaresma, para aprofundar nossa fé e nossa
espiritualidade, como nos tem pedido o Santo Padre, com a leitura mais
frequente da Sagrada Escritura, o estudo do Catecismo, a oração diária do Credo
(Profissão de nossa Fé) e, é claro, a vivência dos Sacramentos da Confissão e
da Eucaristia.
As “Catequeses do Papa” são disponíveis em
vídeo e para leitura nos sites de notícias do Vaticano:
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