5 de fevereiro de 2013

Cristãos contra a maré




Todas as quartas feiras, o papa Bento XVI recebe milhares de fiéis e peregrinos para a tradicional Audiência Geral; as chamadas “Catequeses do papa”. Com a abertura do “Ano da Fé”, ele deu início a uma nova série de catequeses sobre a fé.
“O que é a fé? Ainda tem sentido a fé, num mundo em que ciência e técnica abriram horizontes até há pouco tempo impensáveis? O que significa crer hoje? Com efeito, no nosso tempo é necessária uma renovada educação para a fé, que inclua sem dúvida um conhecimento das suas verdades e dos acontecimentos da salvação, mas sobretudo que nasça de um encontro verdadeiro com Deus em Jesus Cristo, do amá-lo, do ter confiança nEle, de modo que a vida inteira seja envolvida por Ele.”
“Hoje, juntamente com tantos sinais de bem, aumenta ao nosso redor um certo deserto espiritual... Não obstante a grandeza das descobertas da ciência e dos êxitos da técnica, hoje o homem não parece ter-se tornado verdadeiramente mais livre, mais humano... Além disso, um certo tipo de cultura educou a mover-se só no horizonte das coisas, do realizável, a acreditar unicamente naquilo que se vê e se toca com as próprias mãos... [Mas] temos necessidade não só do pão material, precisamos de amor, de significado e de esperança, de um fundamento seguro, de um terreno sólido que nos ajude a viver com um sentido autêntico também na crise, nas obscuridades, nas dificuldades e nos problemas quotidianos.”
“A fé oferece-nos precisamente isto: é um entregar-se confiante a um “Tu” que é Deus... que é Pai e que me ama; é adesão a um “Tu” que me dá esperança e confiança.”
“Em Cristo, Deus nos mostrou o Seu Rosto e fez-Se realmente próximo de cada um de nós... Revelou que Seu amor pelo homem, por cada um de nós, é incomensurável: na Cruz, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que Se fez homem, mostra-nos do modo mais luminoso até que ponto chega este amor, até ao dom de Si mesmo, até ao sacrifício total. Com o mistério da Morte e Ressurreição de Cristo, Deus desce até ao fundo na nossa humanidade, para lha restituir, para a elevar à sua altura. A fé é crer neste amor de Deus que não diminui diante da maldade do homem, perante o mal e a morte, mas é capaz de transformar todas as formas de escravidão, oferecendo a possibilidade da salvação. Então, ter fé é encontrar este “Tu”, Deus, que me sustém e me faz a promessa de um amor indestrutível, que não só aspira à eternidade, mas também a concede; é confiar-me a Deus com a atitude da criança... E esta possibilidade de salvação através da fé é um dom que Deus oferece a todos os homens.”
“A fé é dom de Deus, mas é também ato profundamente livre e humano. O Catecismo da Igreja Católica afirma-o claramente: “O ato de fé só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Mas não é menos verdade que crer é um ato autenticamente humano, pois não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem” (Cat 154). Crer é confiar-se com toda a liberdade e com alegria ao desígnio providencial de Deus sobre a história, como fez Abraão, como fez Maria de Nazaré. Então, a fé é um assentimento com que a nossa mente e o nosso coração dizem o seu “sim” a Deus, professando que Jesus é o Senhor. E este “sim” transforma a vida, abre-lhe o caminho rumo a uma plenitude de significado, tornando-a assim nova, rica de júbilo e de esperança confiável.”
“Caros amigos, o nosso tempo exige cristãos que tenham sido arrebatados por Cristo, que cresçam na fé graças à familiaridade com a Sagrada Escritura e com os Sacramentos. Pessoas que sejam quase um livro aberto que narra a experiência da vida nova no Espírito, a presença daquele Deus que nos sustém no caminho e nos abre para a vida que nunca mais terá fim.”
“Acreditar em Deus nos faz possuidores de títulos que muitas vezes não coincidem com a moda e o parecer do tempo, e nos pede para adotar critérios e se engajar em condutas que não pertencem a maneira comum de pensar. O cristão não deve ter medo de ir “contra a maré” para viver a fé, resistindo a tentação de “conformar-se” [com o mundo de hoje]. Em muitas sociedades, Deus tornou-se o “grande ausente” e em Seu lugar há muitos ídolos... No entanto, a sede de Deus (cf. Sl 63,2) não foi extinta e a mensagem do Evangelho continua a ressoar através das palavras e ações de muitos homens e mulheres de fé.
Vamos aproveitar este Tempo da Quaresma, para aprofundar nossa fé e nossa espiritualidade, como nos tem pedido o Santo Padre, com a leitura mais frequente da Sagrada Escritura, o estudo do Catecismo, a oração diária do Credo (Profissão de nossa Fé) e, é claro, a vivência dos Sacramentos da Confissão e da Eucaristia.

As “Catequeses do Papa” são disponíveis em vídeo e para leitura nos sites de notícias do Vaticano:

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