Pelos
sacramentos do Batismo e da Crisma temos o direito e o dever de participar da
comunidade eclesial e da transformação da nossa sociedade. Trabalhamos,
normalmente, 8 hs. por dia e, temos o direito de descansar 8 hs. também. E as
outras 8 hs. que sobram, o que fazemos com elas? Como empregamos o nosso tempo
livre? Fazemos algum trabalho voluntário? Temos tempo para evangelizar? Temos
sido Sal, Fermento e Luz nas diversas circunstâncias da vida?
São Mateus
(20, 1-16) narra a parábola dos operários da vinha que foram contratados em
diferentes horários para trabalhar: de madrugada, às 9 hs., 12 hs., 15 hs. e 17
hs. No final do dia todos receberam, como pagamento, a mesma quantia, isto é,
uma diária. Esta decisão do patrão é o coração da parábola e traça a nítida
distinção entre a justiça da nossa sociedade e a justiça do Reino. A justiça
das pessoas reza assim: Cada um recebe pelo que faz, sem levar em conta as
necessidades de cada um, nem os motivos pelos quais as pessoas estavam
desempregadas. A justiça do Reino, por sua vez, tem este princípio: todos têm
direito à vida em abundância.
Pelas 5 hs. da
tarde o patrão encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: “Por que
vocês estão aí o dia inteiro sem nada fazer?” Eles responderam: Porque ninguém
nos contratou.
A vinha é o
mundo que precisa ser transformado. Os operários somos nós, batizados. O patrão
é o próprio Deus que conta com o nosso trabalho, nossa participação cada vez
mais ativa na comunidade eclesial e, principalmente, na transformação da
sociedade, que é o lugar próprio do apostolado do leigo, como nos lembra o
nosso saudoso Papa Paulo VI na Evangelii
Nuntiandi: “O campo próprio da atividade evangelizadora do Leigo é o mundo
vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também
o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, os Meios de
Comunicação Social e outras realidades abertas para a evangelização, como sejam
o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho
profissional e o sofrimento” (E N 70).
Não podemos
dar aquela desculpa que os desocupados deram: Ninguém nos contratou. No dia do
nosso batismo fomos contratados para trabalhar na vinha do Senhor. E o trabalho
a ser feito é muito grande. Não temos tempo a perder!
A grande
missão dos Leigos é transformar a sociedade pela prática dos valores
evangélicos: pela prática do amor, da justiça, da honestidade, da verdade, da
fraternidade, da solidariedade, etc.
Acredito que a
transformação social será conseqüência da nossa conversão pessoal, da nossa
mudança interior. Neste sentido, é fundamental a nossa familiaridade com as
Sagradas Escrituras, com a Palavra de Deus, principalmente a “Leitura Orante” (Lectio Divina) diária da Boa Nova do
Evangelho. Assim nos exorta São Paulo aos Colossenses (3, 16): “Que a Palavra
de Deus habite em vós com toda a sua riqueza, para que possais ensinar e
aconselhar uns aos outros com toda sabedoria”. Porém, não basta a nossa
conversão pessoal, para que aconteça a mudança social. Precisamos também usar
as “ferramentas” da construção do Reino para mexer nas estruturas injustas
desta mesma sociedade. Mas, quais são estas ferramentas?
·
Espaço Eclesial: É preciso participar das
pastorais e movimentos;
·
Movimentos populares: buscar participar de toda
forma de organização popular;
·
Sindicatos: não é luta contra, mas a favor do
bem, do justo, do digno;
·
Partidos Políticos, em três níveis de participação:
a) apoio e voto consciente, b) militância, c) candidatura.
·
Conselhos paritários: presença e acompanhamento;
·
Grupos de acompanhamento à Câmara municipal e ao
poder Executivo (Doc 26 e 62 - CNBB).
Como cristãos,
usamos estas ferramentas pelo interesse do Reino, para construirmos uma
sociedade mais justa, mais solidária e que dê prioridade aos mais necessitados
como fazia Jesus de Nazaré. Paulo VI afirmou que “Política é a mais perfeita
forma de vivermos o mandamento do amor. Uma das formas mais nobres de fazer
caridade”. “O cristão na política abre caminho para o Evangelho” (Apostolicam
Actuositatem, 14). Nossa sociedade brasileira está ansiosa por autênticos,
nobres e dignos políticos.
Que todos
aqueles que foram eleitos para o cargo de Executivo ou Legislativo tenham como
Mestre e Modelo, Jesus de Nazaré, que não veio para ser servido, mas para
servir e dar a vida como resgate por todos.
Pe.
Narcizo Pires Franco
Capelão
da Comunidade Sol de Deus
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