10 de novembro de 2012

"Formamos a Igrerja Viva"



Estamos formando a Igreja Viva? Este é o Projeto Pastoral da nossa Arquidiocese de Pouso Alegre.
Pelos sacramentos do Batismo e da Crisma temos o direito e o dever de participar da comunidade eclesial e da transformação da nossa sociedade. Trabalhamos, normalmente, 8 hs. por dia e, temos o direito de descansar 8 hs. também. E as outras 8 hs. que sobram, o que fazemos com elas? Como empregamos o nosso tempo livre? Fazemos algum trabalho voluntário? Temos tempo para evangelizar? Temos sido Sal, Fermento e Luz nas diversas circunstâncias da vida?
São Mateus (20, 1-16) narra a parábola dos operários da vinha que foram contratados em diferentes horários para trabalhar: de madrugada, às 9 hs., 12 hs., 15 hs. e 17 hs. No final do dia todos receberam, como pagamento, a mesma quantia, isto é, uma diária. Esta decisão do patrão é o coração da parábola e traça a nítida distinção entre a justiça da nossa sociedade e a justiça do Reino. A justiça das pessoas reza assim: Cada um recebe pelo que faz, sem levar em conta as necessidades de cada um, nem os motivos pelos quais as pessoas estavam desempregadas. A justiça do Reino, por sua vez, tem este princípio: todos têm direito à vida em abundância.
Pelas 5 hs. da tarde o patrão encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: “Por que vocês estão aí o dia inteiro sem nada fazer?” Eles responderam: Porque ninguém nos contratou.
A vinha é o mundo que precisa ser transformado. Os operários somos nós, batizados. O patrão é o próprio Deus que conta com o nosso trabalho, nossa participação cada vez mais ativa na comunidade eclesial e, principalmente, na transformação da sociedade, que é o lugar próprio do apostolado do leigo, como nos lembra o nosso saudoso Papa Paulo VI na Evangelii Nuntiandi: “O campo próprio da atividade evangelizadora do Leigo é o mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, os Meios de Comunicação Social e outras realidades abertas para a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento” (E N 70).
Não podemos dar aquela desculpa que os desocupados deram: Ninguém nos contratou. No dia do nosso batismo fomos contratados para trabalhar na vinha do Senhor. E o trabalho a ser feito é muito grande. Não temos tempo a perder!
A grande missão dos Leigos é transformar a sociedade pela prática dos valores evangélicos: pela prática do amor, da justiça, da honestidade, da verdade, da fraternidade, da solidariedade, etc.
Acredito que a transformação social será conseqüência da nossa conversão pessoal, da nossa mudança interior. Neste sentido, é fundamental a nossa familiaridade com as Sagradas Escrituras, com a Palavra de Deus, principalmente a “Leitura Orante” (Lectio Divina) diária da Boa Nova do Evangelho. Assim nos exorta São Paulo aos Colossenses (3, 16): “Que a Palavra de Deus habite em vós com toda a sua riqueza, para que possais ensinar e aconselhar uns aos outros com toda sabedoria”. Porém, não basta a nossa conversão pessoal, para que aconteça a mudança social. Precisamos também usar as “ferramentas” da construção do Reino para mexer nas estruturas injustas desta mesma sociedade. Mas, quais são estas ferramentas?
·        Espaço Eclesial: É preciso participar das pastorais e movimentos;
·        Movimentos populares: buscar participar de toda forma de organização popular;
·        Sindicatos: não é luta contra, mas a favor do bem, do justo, do digno;
·        Partidos Políticos, em três níveis de participação: a) apoio e voto consciente, b) militância, c) candidatura.
·        Conselhos paritários: presença e acompanhamento;
·        Grupos de acompanhamento à Câmara municipal e ao poder Executivo (Doc 26 e 62 - CNBB).
Como cristãos, usamos estas ferramentas pelo interesse do Reino, para construirmos uma sociedade mais justa, mais solidária e que dê prioridade aos mais necessitados como fazia Jesus de Nazaré. Paulo VI afirmou que “Política é a mais perfeita forma de vivermos o mandamento do amor. Uma das formas mais nobres de fazer caridade”. “O cristão na política abre caminho para o Evangelho” (Apostolicam Actuositatem, 14). Nossa sociedade brasileira está ansiosa por autênticos, nobres e dignos políticos.
Que todos aqueles que foram eleitos para o cargo de Executivo ou Legislativo tenham como Mestre e Modelo, Jesus de Nazaré, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida como resgate por todos.

Pe. Narcizo Pires Franco

Capelão da Comunidade Sol de Deus

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