Quaresma é
preparação para a Páscoa. À Páscoa se chega pelo caminho da Cruz: “Per
crucem ad lucem”. “Se alguém quer me
seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16, 24).
Queremos nos
preparar para celebrar com muita alegria a Páscoa do SENHOR. Mas não nos
esqueçamos do preço que Ele pagou para nos conquistar essa alegria. Por isso é
até uma questão de justiça assumirmos uma parcela desse preço. Viver a quaresma
é se exercitar nisso. Com que amor você tem assumido a sua cruz no seguimento
de JESUS? Como seguir os seus passos no caminho da Cruz durante a quaresma? Ele
mesmo já no-lo indicou: “negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me
siga” (Mt 16, 24). Nem é preciso escolher o tipo de cruz. Ele mesmo já
se encarrega de no-la preparar. Quando Ele te apresentar diversos tipos de cruz
- e Ele vai apresentar - prepara-te para acolhê-las com muita alegria, como te
aconselha o apóstolo Tiago em sua carta: “Meus irmãos, considerem como motivo da
maior alegria as provações de toda a sorte que caírem sobre vós” (Tg 1,
2).
O fato de
JESUS reservar para si a escolha da cruz com que devemos segui-lo é um ato de
sua infinita delicadeza e misericórdia. Qual o critério dessa escolha?
Simplesmente o seu amor misericordioso. Ele conhece os limites e a fraqueza de
cada um. Para Si, assume todo o peso esmagador da cruz; para nós, reserva uma
parcela tão mínima que nem parece cruz: uma enfermidade, um contratempo, uma
perseguição, um abandono aparente de DEUS que nos causa terrível desespero,
etc.
A alma que se
exercita continuamente no esquecimento e no desprezo de si por amor a JESUS,
essa experimentará aquela suprema alegria nas provações de que fala São Tiago.
Vamos
acompanhar JESUS um pouquinho no Horto das Oliveiras.
Terminada a
Ceia Pascal, JESUS Se dirigiu com os Seus discípulos para o Horto das
Oliveiras. A Ceia terminara pelas 23 horas. JESUS, com uma voz acentuadamente
grave, exclamou: “Para que o mundo saivá que Eu amo o PAI, e por isso faço tudo o que é
do agrado do PAI, levantai-vos, vamo-nos daqui” (Jo 14, 31). Saíram do
Cenáculo e iam caminhando silenciosos pelas ruas desertas de Jerusalém.
Atravessaram a torrente do Cedron e se embrenharam entre as árvores do Horto.
Todos estavam apavorados pelo mistério que envolvia aquela noite. Para onde
iam? Agora perceberam que era para o Horto das Oliveiras. Mas... Àquela hora da
noite? O que estaria acontecendo? O clima era realmente de expectativa e medo.
Chegando a
certa altura do Horto, JESUS parou, reuniu os discípulos em volta dele e
disse-lhes com uma voz angustiada: “A minha alma está numa tristeza de morte.
Fiquem aqui e vigiem comigo” (Mt 26, 38).
Quem é esse
que está triste até a morte? É o Filho de DEUS Altíssimo, o Rei do Universo, a
Alegria dos Anjos, o nosso SENHOR e nosso DEUS!... E porque está tão triste?
Porque sabe o que O espera, vê que apesar de tanto sofrimento muitas almas
iriam se perder, e o que mais O angustiava naquele momento: um de seus próprios
discípulos iria traí-Lo. De fato, pelas três da manhã chega Judas Iscariotes
com uma escolta de soldados e O entrega a eles com um beijo na face; um beijo,
que é gesto de amor. “Judas, é com um beijo que entregas o Filho
do Homem?” Exclama JESUS com uma
voz impregnada de dor.
Até aqui, este
trecho como simples amostra. Durante a Semana Santa, acompanharemos passo a
passo, até o Calvário, Aquele que é o único sentido de nossa vida, o único amor
de nossa alma. Tudo isso se passou na sexta-feira santa.
Na madrugada
do Domingo, estaremos de novo lá, ao lado de Maria Madalena ainda toda chorosa,
e ouviremos também com ela a voz do suposto jardineiro, que lhe dirá com acento
de dulcíssima intimidade: Maria!...
Todas as
lágrimas, toda a angústia, toda a tristeza, foram apagadas num segundo por esta
palavra de fogo que lhe incendiou o coração... E incendiará também o nosso.
Será a alegria da Páscoa, a Ressurreição do SENHOR!
Artigo do Padre Valeriano de março de 2006
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