“Quando se fala em vocação, vem logo ao pensamento a ideia
de vocação religiosa ou sacerdotal. Mas o termo é muito mais abrangente. No seu
sentido específicamente religioso, a vocação é uma história de amor, uma
história que se abre num leque de inúmeras outras vocações diferenciadas, que
por sua vez são outros tantos poemas do amor de Deus para com a sua criatura, o
homem. A começar pela vocação à vida.
“O Senhor Deus
formou o homem do barro da Terra, e inspirou-lhe no rosto um sopro de vida, e o
homem se tornou um ser vivente” (Gen
2,7).
Tendo chamado o
homem à vida, “o Senhor Deus disse: Não é bom que o homem esteja só; vou lhe
dar uma auxiliar que lhe seja semelhante “. E de uma costela, porque foi tirada do homem, Deus fez a mulher, e levou-a
para junto do homem” – (Gen. 2, 18-22).
Esse foi o
primeiro casal humano chamado à vida, por amor e para o amor. E Adão disse:
“Eis agora aqui o osso dos meus ossos e a carne da minha carne da minha; ela se
chamará mulher , porque foi tirada do
homem”. Por isso o homem deixará o seu
pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne” (Gen.
2,23-24).
Esta foi a
primeira vocação ao casamento, tipo e modelo de todos os matrimônios que
seguirão daí por diante. E deu-lhes a missão de povoar a Terra: “Crescei e
multiplicai-vos, e enchei a terra e submetei-a”( Gen. 1,28).
Que missão
maravilhosa Deus confiou ao homem! E quantas provas de amor o Senhor lhe deu! Que carinho!
Que delicadeza! Vejam: “O Senhor Deus plantou um jardim no Éden, do lado do
oriente, e colocou nele o homem que havia criado” (Gen. 1,8). Adão e Eva eram
felizes, plenamente felizes, gozando da amizade e intimidade do seu Criador.
Quantas vezes à hora da brisa da tarde, ouviam o barulho dos passos de Deus no meio das
árvores do jardim, vindo para uns momentos de intimidade e colóquio amoroso com
eles. E foi justamente numa dessas oportunidades que aconteceu o que não devia
acontecer. O Senhor, viera, como de costume, mas desta vez não houve colóquio
amoroso com eles. Sua criatura amada tinha prevaricado.
De fato, ao
colocar o homem no jardim do Éden, para cultivá-lo e guardá-lo, o Senhor Deus
lhe dera este preceito: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim;
mas não coma do fruto da árvore da ciência do bem e do mal (que está no meio do
jardim); porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente”. (Gen.
2,15). Era uma prova a que devia ser
submetido.
Mas o homem pecou;
foi infiel à sua vocação e missão. Que ingratidão à sua vocação e missão. Que
ingratidão! Sobretudo, que mistério terrível é o pecado! Como pode o homem,
ornado de tanta luz e sabedoria no seu estado de graça original, cair assim tão
miseravelmente nas malhas do Maligno? Há verdadeiramente um mistério de
iniquidade.
O homem fora
criado para ser feliz, para gerar filhos e filhas no jardim do Éden, em clima
de obediência e fidelidade, de amor de gratidão ao seu Criador. O seu destino
seria muito glorioso. Eles ignorariam o que era morte, sofrimento, doença...
Deus, na pessoa de Seu Verbo, por ação do Espírito Santo, viria assumir a sua
criatura num desposório místico, encarnando-se e assemelhando-se a ela, como
ela mesma fora feita à imagem e semelhança Dele.
Mas Deus que sabe
e pode transformar o mal em bem, serviu-se do incidente para renovar os Seus
planos: uma nova criação, muito mais maravilhosa do que a primeira, surgiria de
Suas mãos e de Seu Amor, um novo Adão e uma nova Eva viriam recomeçar tudo; um
novo Céu uma nova Terra seriam criados, nos quais habitaria a justiça. Em vista
do pecado, todo esse processo já não se
faria na glória do primitivo plano, mas custaria o preço do sangue do Filho de
Deus.”
Fonte: artigo Pe Valeriano
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