14 de agosto de 2013

Vocação à Vida



“Quando se fala em vocação, vem logo ao pensamento a ideia de vocação religiosa ou sacerdotal. Mas o termo é muito mais abrangente. No seu sentido específicamente religioso, a vocação é uma história de amor, uma história que se abre num leque de inúmeras outras vocações diferenciadas, que por sua vez são outros tantos poemas do amor de Deus para com a sua criatura, o homem. A começar pela vocação à vida.
    “O Senhor Deus formou o homem do barro da Terra, e inspirou-lhe no rosto um sopro de vida, e o homem  se tornou um ser vivente” (Gen 2,7).
     Tendo chamado o homem à vida, “o Senhor Deus disse: Não é bom que o homem esteja só; vou lhe dar uma auxiliar que lhe seja semelhante “. E de uma costela, porque foi  tirada do homem, Deus fez a mulher, e levou-a para junto do homem” – (Gen. 2, 18-22).
    Esse foi o primeiro casal humano chamado à vida, por amor e para o amor. E Adão disse: “Eis agora aqui o osso dos meus ossos e a carne da minha carne da minha; ela se chamará  mulher , porque foi tirada do homem”. Por  isso o homem deixará o seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne” (Gen. 2,23-24).
    Esta foi a primeira vocação ao casamento, tipo e modelo de todos os matrimônios que seguirão daí por diante. E deu-lhes a missão de povoar a Terra: “Crescei e multiplicai-vos, e enchei a terra e submetei-a”( Gen. 1,28).
    Que missão maravilhosa Deus confiou ao homem! E quantas  provas de amor o Senhor lhe deu! Que carinho! Que delicadeza! Vejam: “O Senhor Deus plantou um jardim no Éden, do lado do oriente, e colocou nele o homem que havia criado” (Gen. 1,8). Adão e Eva eram felizes, plenamente felizes, gozando da amizade e intimidade do seu Criador. Quantas vezes à hora da brisa da tarde, ouviam  o barulho dos passos de Deus no meio das árvores do jardim, vindo para uns momentos de intimidade e colóquio amoroso com eles. E foi justamente numa dessas oportunidades que aconteceu o que não devia acontecer. O Senhor, viera, como de costume, mas desta vez não houve colóquio amoroso com eles. Sua criatura amada tinha prevaricado.
    De fato, ao colocar o homem no jardim do Éden, para cultivá-lo e guardá-lo, o Senhor Deus lhe dera este preceito: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não coma do fruto da árvore da ciência do bem e do mal (que está no meio do jardim); porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente”. (Gen. 2,15). Era  uma prova a que devia ser submetido.
    Mas o homem pecou; foi infiel à sua vocação e missão. Que ingratidão à sua vocação e missão. Que ingratidão! Sobretudo, que mistério terrível é o pecado! Como pode o homem, ornado de tanta luz e sabedoria no seu estado de graça original, cair assim tão miseravelmente nas malhas do Maligno? Há verdadeiramente um mistério de iniquidade.
    O homem fora criado para ser feliz, para gerar filhos e filhas no jardim do Éden, em clima de obediência e fidelidade, de amor de gratidão ao seu Criador. O seu destino seria muito glorioso. Eles ignorariam o que era morte, sofrimento, doença... Deus, na pessoa de Seu Verbo, por ação do Espírito Santo, viria assumir a sua criatura num desposório místico, encarnando-se e assemelhando-se a ela, como ela mesma fora feita à imagem e semelhança Dele.
    Mas Deus que sabe e pode transformar o mal em bem, serviu-se do incidente para renovar os Seus planos: uma nova criação, muito mais maravilhosa do que a primeira, surgiria de Suas mãos e de Seu Amor, um novo Adão e uma nova Eva viriam recomeçar tudo; um novo Céu uma nova Terra seriam criados, nos quais habitaria a justiça. Em vista do pecado,  todo esse processo já não se faria na glória do primitivo plano, mas custaria o preço do sangue do Filho de Deus.”
Fonte: artigo Pe Valeriano
   

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