Passamos o mês de maio dentro do Coração
Imaculado de nossa Mãe Santíssima, e mergulhamos no mês de junho, no
Sacratíssimo Coração de Seu Filho Jesus. E o artigo do mês passado afirmava: “Um
Coração vivo com células pulsantes.” Pois é, e o melhor é que estas
riquezas não param; são incontáveis. Melhor ainda é que neste mês de julho
poderemos nos inebriar das graças do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Santo Afonso Maria de Ligório disse: “O Verbo Eterno que nos queria
totalmente dedicados a Ele, tomou um Coração semelhante ao nosso, um Coração
que pudesse fornecer às suas veias o Sangue com o qual deveria nos resgatar.
Ele não operou nossa Redenção ao preço de ouro e prata, (I Pd 1,18) disse o
Príncipe dos Apóstolos, mas ao preço de Seu Sangue que de valor infinito”.
A Igreja do Santo sepulcro de Neuvy, na França, possui desde 1257, duas
gotas do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, recolhidas no dia
de Sua Paixão no Calvário. Elas se encontram guardadas em um relicário mostrado
na figura ao lado, tendo a forma de duas lágrimas coaguladas. Este Sangue
Divino puro e sem mistura de água nem de terra é, com certeza, a mais preciosa
relíquia do mundo.
Deus que quer a salvação de todos os seus filhos (cf. I Tim 2,4) enviou Seu
Filho em um corpo semelhante ao nosso para resgatar toda a humanidade.
Jesus Cristo nos disse através do Evangelho de São João (cf. Jo 15,13)
que “prova
de amor maior não há que dar a vida pelo irmão”, e Ele, o próprio
Criador de tudo, com Seu exemplo, fez valer estas palavras e resgatou a todos;
pessoas de bem ou não, justos ou pecadores. A Sua morte é a nossa vida, e o
preço de nossa libertação não foi baixo não, pois foi o Preciosíssimo Sangue de
Jesus derramado na Cruz, e este Dom do Seu Sangue é a maior prova de amor que
Jesus poderia ter dado, e nos deu.
São Tomás de Aquino nos diz que bastaria uma única gota deste Sangue
para resgatar o mundo, por causa dos méritos infinitos que Lhe conferia a união
da Pessoa Divina do Verbo. E, no entanto, não foi somente uma gota derramada.
Foi um rio que regou a terra desde o Jardim das Oliveiras (Getsêmani) passando
pela Sua flagelação, sua Via Crucis até chegar ao Gólgota, onde transbordou até
a última gota do Seu Sagrado Coração, aberto pela lança do soldado, para nos
mostrar o ardor de Seu infinito Amor.
Jesus quis que, pela chaga visível, conhecêssemos a chaga invisível, que
o Amor Lhe fez. Quis que, o Seu Coração fosse aberto para pudéssemos penetrar
n’Ele sem obstáculo algum e encontrar asilo e refúgio.
“Ó Doce Chaga! Amável ferida do Salvador!” diz São Boaventura.
Este Coração aberto para nós nunca mais se fechará. Que tesouro maravilhoso!
Sobe a Tua voz ao Trono dos Céus pedindo compaixão e misericórdia a Deus
ao ouvir Sua voz se enternece, aplaca Sua justiça e não nos olha senão com Amor.
A Sua Morte dá a vida, as Suas Chagas curam e o Seu Preciosíssimo Sangue redime
as almas!
Que fecundo manancial de graças é o Vosso Sangue, que jorrado por nós
prefigura todos aqueles favores de Misericórdia e de Amor Divinos! Busquemos
pois, no Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, os socorros de que
precisamos: força para nossa fraqueza, luz para nossa cegueira, consolo para
nossas aflições.
Você pergunta: como buscá-lo?
Meu irmão, é o Sangue do Coração de Jesus que ainda corre todos os dias
no Cálice dos Altares e que dá a vida da graça. É sim, o Vinho Sagrado que regozija
as almas, é verdadeiramente o Sangue de Jesus, que ao nos aproximarmos da
Sagrada Mesa tingi-nos os lábios e circula pelas nossas veias. E como diz a
santa oração do Missal Romano: “Sangue de Cristo inebriai-me”, inebriai-me
do Vosso Amor. Vinde todos encontrar a fonte e o oceano infinito de
Misericórdia. Vinde vós, filho que retorna (cf. Luc 15,20), vinde ao encontro
marcado por Deus no Coração aberto de Seu Filho para receber novamente um
abraço de Pai. Vinde pelo caminho vivo pelo qual, graças ao Seu Sangue, podemos
entrar confiantes ao Santo dos Santos e chegar à presença de Deus (Hb
10,19-20).
Que os Santos Anjos, espíritos puríssimos, símbolos da Luz divina,
possam nos ajudar a colher cada gota deste Preciosíssimo Sangue, e assim, como
disse São Paulo (cf. Col 1,24), completar em nós o que falta à Paixão de Nosso
Senhor Jesus Cristo para o bem da Igreja e a Salvação do mundo.
Luiz
Fernando Valadão
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