Diante de algumas especulações maldosas de certos
meios de comunicação a respeito da renuncia do Papa Bento XVI, partilhamos aqui
um texto de Dom Henrique Soares da Costa, bispo auxiliar de Aracajú, muito
oportuno e esclarecedor.
“Não é a primeira vez que
um Papa renuncia. Alguns outros já o fizeram quando prisioneiros dos
perseguidores da Igreja, pelo bem da paz ou por outros motivos. O último foi
Gregório XII, em 1415.
Esta renúncia do Santo
Padre certamente nos entristece muito, pelo grande que ele é, pela sabedoria do
seu ensinamento, pela humildade doce e mansa de sua venerável pessoa. No
entanto seu gesto dá-nos preciosas lições.
Primeiro. É Cristo o
Pastor da Igreja. É Ele Quem a guia, Quem a conduz permanentemente na potência
do Seu Santo Espírito. Quando se vai um Papa, que para nós é um pai amado, há
uma sensação tremenda de perda, de vazio, de incerteza. Mas, se somos tomados
por estas sensações tão humanas e compreensíveis, devemos, no entanto,
iluminá-las com a certeza da fé: o Senhor, fundamento único da Igreja, continua
a amar e conduzir Sua dileta Esposa. Vai-se o grande Bento XVI, a partir de 28
de fevereiro Papa Emérito; virá seu sucessor, cujo nome o Senhor já conhece,
cujo rosto já tem bem presente! Agora é o momento de vivermos com intensa fé e
espírito contemplativo esta quadra tão singular da história da Igreja.
Segundo. O gesto de Bento
XVI tem aspectos admiráveis. Antes de tudo sua consciência límpida e reta
diante do Senhor que o chamou. Após rezar, deliberar, escutar o Senhor, ele
decidiu! Só o Senhor pode julgá-lo, só Aquele que perscruta os corações sabe do
íntimo do Seu Vigário! Ninguém, com um mínimo de sensibilidade humana e
espírito cristão, deve ousar julgar este ato do Santo Padre! Quem o fizer,
fá-lo-á de modo leviano e arbitrário, arvorando-se em juiz e critério da
consciência de um homem da estatura moral e espiritual de Bento XVI…
Terceiro. A decisão do
Papa revela-nos uma vez mais um homem maduro, livre, desapegado, humilde, vale
dizer profundamente consciente de si próprio. Que coragem, que liberdade! Só
quem tem continuamente o Senhor diante de si é capaz de um passo assim! E nós
sabemos da amizade de Joseph Ratzinger com o Senhor Jesus! Que lição do Papa,
quando tantos somos tentados aos apegos, ao prestígio, à compreensão e aplauso
dos demais! Bento XVI humilde, Bento XVI livre, Bento XVI tão cristão, tão
humano! Que lição de homem evangélico! Pensando bem, poucos papas surpreenderam
tanto no exercício do Ministério de Pedro como este homem manso e sereno,
sempre tão incompreendido por tantos! Agora, Papa Emérito, poderá dedicar-se
livremente à oração, ao estudo e à preparação para o Encontro com o seu Senhor.
Contará sempre com a gratidão, o afeto e o profundo respeito de toda a Igreja
de Cristo.
Quarto. Ninguém deveria
avaliar a atitude de Bento XVI a partir da de João Paulo II, que, gravemente
enfermo, permaneceu no ministério até a morte. Aqui não há regras: cada pessoa
é única e deve, num caso desses, seguir a sua consciência diante de Cristo! Por
obediência ao Senhor, João Paulo II permaneceu; por obediência ao Cristo, Bento
XVI renunciou!
Quinto. O caminho da
Igreja prossegue. A partir das 20h de 28 de fevereiro, a Sede Romana estará
vacante. Com serenidade, serão dados os passos previstos pelas normas
canônicas: convocação dos cardeais e realização do conclave que elegerá o novo
legítimo e pleno Sucessor de Pedro. E nós, para aquele que for eleito, mais uma
fez diremos, com o entusiasmo da fé: Viva o Papa!”
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