Colocara Deus no Paraíso terrenal uma árvore: a da "ciência do Bem e do Mal". "Podeis comer do fruto de todas as árvores que há no Paraíso,exceto os da árvore da ciência do Bem e do Mal; no dia em que dele comerdes, morrereis". Era assim o mandamento do Senhor e cuja observância garantia ao homem a posse do Céu. O diabo, porém, espreitava de longe a mínima oportunidade para transtornar a ordem Divina; não deixou fugir esta.
Disfarçado de serpente, rastejou até junto Eva: "Não morrereis", lhe diz; "Deus sabe que, no dia em que provardes este fruto, vossos olhos se abrirão e sereis como Deus, conhecendo o Bem e o Mal". O demônio arma à mulher um tríplice laço: a desobediência, a adulação de uma falsa ciência e o orgulho de , em certo modo, se igualar à Deus e emancipar-se da Divina tutela. Eva repeliu a primeira investida insidiosa do diabo, cedeu, porém, à segunda: "Então, vendo que o fruto da árvore era belo e apetitoso, a mulher colheu-o, comeu levou parte dele ao seu marido, que também comeu".
Depois de os ter impelido a cometer o delito com as mesmas armas que, a ele demônio, o haviam levado à ruína, a serpente sumiu-se, deixando Adão e Eva na confusão e no pasmo. Com efeito, os olhos do primeiro homem tinham-se aberto, mas de forma bem destinta daquela que esperava. Que horrível constatação! Num instante viram os progenitores do gênero humano o rasgão por eles aberto na criação: entre Deus e o mundo abrira-se um abismo! verificaram sem demora, que do próprio ser desaparecera a harmonia, surgindo em lugar delas as revoltas da concupiscência e a rebelião da natureza externa. Reconhecendo por todos estes sintomas a cólera de Deus, tiveram medo e buscaram evadir-se aos olhos do Senhor, manifestando nisso mesmo, o "obscurecimento da inteligência".
"Por que procedestes assim?" perguntou Deus à mulher. "Multiplicarei os teus sofrimentos..., darás à luz aos filhos na dor". E logo, voltando-se para Adão: "Por tua causa está amaldiçoada a Terra...Ganharás o pão no suor do teu rosto...És pó... e para o pó hás de tornar".
Quanto à serpente, renovou Deus o eterno veredicto e maldição:"Maldita serás...Rastejarás sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida". Merecida condenação esta, porquanto Lúcifer tinha sido elevado à lugar de honra, foi dotado de grande inteligência; determinara-se irrevogavelmente, mas com plena lucidez. Tanto assim que se alguém lhe dissesse: "Não pensaste no que fizeste...", ele responderia forçosamente:"Fi-lo com reflexão".
A responsabilidade do homem, essa era de ordem totalmente destinta. Ele pecara sob a instigação do demônio, ao qual era inferior por natureza, e não por determinação espontânea. Todavia, em contraste com a pequena fração de Anjos que se perdeu, a irrevogável e plena condenação de Adão, arrastou consigo a da humanidade inteira, pela transmissão do pecado original. Neste ponto dizem os Santos Padres, o homem encontrou piedade do coração de Deus que, em parte, lhe perdoou.
Mas, semelhante perdão implica um sacrifício para além de toda medida e que será a prova suprema do amor infinito da Senhor. O abismo profundo e aberto entre criatura e Criador será terraplenado pela Encarnação, a Paixão e a Morte do Verbo Divino.
O preço do perdão será dado ao mundo e à Justiça de Deus por uma mulher, "humilde mas mais excelsa que outra criatura qualquer": a Virgem Senhora, Santa, Imaculada, que também a de ter o nome de Mãe de Deus. "Porei inimizade entre ti e a Mulher" revela efetivamente o Senhor ao amaldiçoar a Serpente, "ela te esmagará a cabeça".
Entrementes, para que o espírito do mal não abuse do homem, agora mais vulnerável em consequência do pecado, eis que Deus multiplica a Sua inesgotável Bondade, confiando a humanidade nascente à guarda e aos carinhosos desvelos dos Anjos fiéis. "Deu o Senhor ordem aos Anjos para velarem por ti em todos os teus caminhos; levar-te-ão nas próprias asas para que em pedra alguma tu tropeces".
Um fato novo surge, portanto, na hora precisa da queda de nossos primeiros pais: a Guarda Angélica. A propósito desta, eis como fala São Gregório Niceno:" Desde que a nossa natureza caiu no pecado, não ficou a nossa queda sem o auxílio de Deus; um Anjo foi destacado para assistir à vida de cada um".
Oração à São Miguel Arcanjo
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede nosso refúgio contra a maldade e as ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós Príncipe da milícia celeste pelo Divino Poder, precipitai ao inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perderem as almas. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário