Toma como objetivo a vida de Nazaré, em tudo e por tudo, em sua simplicidade e em sua amplitude, nada de traje, como Jesus de Nazaré, nada de habitação longe de todo lugar, como Jesus em Nazaré, nada de grandes espaços, não menos de oito horas de trabalho por dia, como Jesus em Nazaré, nada de grandes despesas, nem grandes esmolas, mas sim de extrema pobreza em tudo, como Jesus em Nazaré.
Jesus nos diz: "Em Nazaré, passo os anos da minha infância da minha adolescência, da minha juventude... É por vosso amor que ali levo a vida... Que vos ensino? Eu vos ensino a viver do trabalho de vossas mãos para não depender de ninguém, e ter o que dar aos pobres, e dou a este tipo de vida uma beleza incomparável, que nenhuma outra tem, que não seja operário evangélico, aquela de imitar-me... Aqueles que vivem do trabalho de suas mãos e aqueles que, pregando o Evangelho, vivem de esmolas, imitam-me.
Quando voltas a Nazaré, Senhor Jesus, as pessoas que Te haviam conhecido ficam atônitas de espanto. Como um homem comum, que vivia como os outros jovens da cidade, pode falar assim? "De onde lhe vem isto? E esses milagres realizados por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro filho de Maria? (Mat 6,2-4)
Tua vida em Nazaré , Senhor Jesus era tão comum que o Evangelho não consagra a ela mais que duas linhas. Tudo que podemos afirmar é que não era a vida de um eremita do deserto mas sim a de um artesão da cidade. E, se foi qualificada oculta, é porque não manifestava externamente teu caráter divino, como farás no curso de Tua vida pública, é porque nada deixavas transparecer desse mistério que Te habitava e que fazia de Ti bem mais que o carpinteiro que levava as tábuas pelas ruas da cidade. Passavas por um homem comum: pensava-se saber de Ti! Mais tarde, exclamarás: "Vós me conheceis e sabeis de onde sou?" (Jo 7,28)
Como Tu estás próximo de nós , Senhor Jesus, próximo de um operário de fábrica ou de um empregado de escritório, próximo daquele que ganha a vida pelo seu trabalho, sentindo à noite o casaço do dia. Devias discutir o preço com os clientes ou às vezes sentir a inquietude do desempregado que não encontrou trabalho. Tinhas contato com Teus primos, vizinhos, Teus amigos; partilhavas as alegrias e tristezas de uma cidade onde todo mundo se conhecia; participava das festas, como das Bodas de Caná, comparecias frequentemente à sinagoga. Como essa vida é próxima da nossa! Tua vida de Nazaré..."pode ser vivida em todos os lugares: vivia-a no lugar mais útil para o próximo."
Seguindo-Te e imitando-Te, Senhor Jesus, podemos viver nossa vida de todos os dias, um pouco como se estivéssemos em Nazaré, diante da Santa Virgem e de São José, aos pés de Jesus. Quer estejamos no jardim, quer na garagem, quer na cozinha, quer diante do computador ou da máquina de lavar, quer manejando o martelo ou a vassoura, transportemo-nos em espírito de Nazaré.
Que o irmão sacristão realize seu trabalho com a fé o espírito interior, a contínua comtenplação, o amor ardente da Santa Virgem, varrendo o quarto, mantendo a luninosidade, cuidando da roupa e da vestimenta, limpando o pequeno mobiliário de seu divino Filho.
Aqueles cujo trabalho é sobretudo intelectual deverão acrescentar, ao menos alguns instantes por dia, um trabalho manual baixo e humilde, para se engrandecer por esta imitação do "artesão filho de Maria", para 1 alguam coisa do Santo Evangelho, para compreender o Evangelho, que se compreende não ao ouvir, mas ao praticar.
É, então, o tempo do testemunho, o tempo de pregar Evangelho em silêncio, como Jesus em Nazaré, que era Salvador desde o primeiro istante de Sua vida terrestre. É o tempo das relações humanas, o tempo da amizade, como para Jesus,que, "para nos salvar misturoui-se a nós, viveu conosco no contato familiar e mais estreiro".Ó misteriosa e admirável continuidade, da encarnação à Eucaristia e da Eucaristia até a nossa conduta entre os que nos cercam! Três vezes repito, o "viver com" mostra nosso dever. Em cada um de nós, Senhor Jesus , Tu prolongas Tua presença entre os irmãos da maneira que estavas presente em Nazaré, partilhando o trabalho e a vida comum dos Teus concidadãos. Salvava-os em silêncio pelas Tuas preces, pelo Teu espírito de penitência e sacrifício. Tu lhes falavas em silêncio pela Tua vida, pela Tua bondade, pela Tua amizade.
O grande desejo de amizade que deve ter em relação a todos os seres humanos, indo a ele simplesmente porque são amados e porque disso se quer dar-lhes testemunho gratuito, quer dizer, sem esperar nenhum reconhecimento ou resultado...mesmo de apostolado.
("15 dias de oração com Charles de Foucauld" - Michel Lafon)
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