19 de fevereiro de 2015

A Quaresma em união com os Santos Anjos

A Quaresma comemora os quarenta dias que Jesus passou no deserto, como preparação para esses anos de pregação que culminam na Cruz e na glória da Páscoa. Quarenta dias de oração e de Penitência que, ao findarem, desembocam na cena que a Liturgia oferece à nossa consideração: as tentações de Cristo.
Jesus Cristo foi tentado. A Tradição esclarece a cena considerando que Nosso Senhor quis também sofrer a tentação para nos dar exemplo em tudo. E assim é, porque Cristo foi perfeito Homem igual a nós, exceto no pecado.
Jesus respondeu não ao demônio ao Príncipe das trevas. E logo se manifesta a Luz. “Depois disto o diabo O deixou; e eis que os Anjos se aproximaram e o serviram” Mt 4,11. Jesus suportou a prova, uma prova verdadeira, porque, como comenta Santo Ambrósio, não procedeu como Deus, usando do Seu poder – senão, de que nos serviria a seu exemplo? _ mas, como homem, serviu-se dos meios que tem em comum conosco.
[...] Contemplamos brevemente esta intervenção dos Anjos na vida de Jesus, pois assim entenderemos melhor o seu papel _ a missão angélica_ em toda a vida humana. A Tradição cristã descreve os Anjos da Guarda como grandes amigos, colocados por Deus ao lado de cada homem para o acompanharem em seus caminhos. Por isso nos convida a procurar a sua intimidade, a recorrer a eles.
Ao fazer-nos meditar nestas passagens da vida de Cristo, a Igreja recorda-nos que, neste tempo da Quaresma, em que nos reconhecemos pecadores, cheios de misérias, necessitados de purificação, também há lugar para a alegria. Porque a Quaresma é simultaneamente tempo de fortaleza e de júbilo: temos de encher-nos de coragem, já que a graça do Senhor não nos há de faltar: Deus estará ao nosso lado e enviará seus Anjos para que sejam nossos companheiros de viagem, nossos prudentes companheiros ao longo do caminho, nossos colaboradores em todas as nossas tarefas: [...] “os Anjos te levaram nas mãos, para que teu pé não tropece em alguma pedra” .Sl 90
Temos que saber tratar os Anjos com intimidade: recorrer a eles agora, dizer ao nosso Anjo da Guarda que estas águas sobrenaturais da Quaresma não resvalaram sobre a nossa alma, mas penetraram nela até o fundo, porque temos o coração contrito. Peçamos-lhe que leve até o Senhor a boa vontade que a Graça fez germinar sobre a nossa miséria, como um lírio nascido no meio do esterco. Sancti Angelli Custodis nostri, defendite nos in proelio, ut non pereamus in tremendo iudicio. Santo Anjo da Guarda defenda-nos no combate, para que não pereçamos no tremendo Juízo.


“É Cristo que passa” – Homilias de S. José Maria Escrivá

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