20 de dezembro de 2014

O Espírito do Natal


A leitura do Evangelho de Luc 2,1-20 nos ajuda a descobrir qual é o estilo de agir de Deus na história da Salvação dos homens.
Não há nada que desoriente tanto a mente humana, como a simplicidade das obras divinas, se comparadas com a magnificência dos efeitos que consegue...”
Assim escreveu Tertuliano, referindo-se à grandiosidade dos efeitos do Batismo e à simplicidade dos meios e sinais exteriores, que se limitam a um pouco de água e a algumas palavras.
Vivemos numa época em que a tecnologia impera em todas as áreas e de maneira especial nos meios de comunicação. Somos bombardeados constantemente por efeitos especiais e nos tornamos tão exigentes em nossos cinco sentidos, que corremos o risco de não perceberemos os milagres da vida que ocorrem no nosso meio.
Se abríssemos o Evangelho no espírito, e em contemplação nos transportarmos até Belém, como nos sentiríamos naquela noite, após a longa caminhada de José e Maria, sem encontrarmos uma hospedaria? Talvez tal simplicidade nos assustaria e provavelmente a humildade extrema de José nos incomodaria.
 Para vivermos o espírito do Natal temos que abrir o nosso espírito para Deus e conhecer Nele a ciência de sua humildade.
Em primeiro lugar, aprendemos neste evangelho que Deus é essencialmente simples, em tudo que faz em todas as formas como age. Escolheu assim o Seu Caminho para chegar até os homens.
“E para vivermos o Natal de Cristo temos que ter a simplicidade original de Deus; a mesma escada que o senhor Deus escolheu para descer até nós é a que nos levará até Ele, e esta escada se chama simplicidade, humildade.”
Bem aventurados os pobres de coração pois deles é o Reino dos Céus.”
Certamente quando trabalhamos para Deus, devemos sempre dar e fazer o melhor, pois trabalhamos para o Rei, mas sem perdermos de vista a santa humildade que nos levará até Ele.
 Continuando nossa caminhada no evangelho, outro detalhe importante que nos mostra é o espírito de vigilância. Os pastores ouviram o anúncio dos Anjos porque estavam em vigilância. Quantas vezes dormimos e deixamos de ouvir o apelo do Mestre: “Vigiai e orai”...
Vigiar é estar atento à presença de Deus, é buscar sempre a Sua Santíssima e sábia vontade. Muitas vezes não percebemos Deus em nossas vidas porque somos distraídos e dados mais às coisas externas e superficiais. Ter um coração vigilante é ter um coração que procura escutar a Deus nos acontecimentos, na palavra, no irmão e no próprio coração. Deus está presente no nosso meio e quer nos falar... “quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
O verdadeiro espírito do Natal deve gerar em nós uma expectativa, um desejo de espera, que clama pelo Deus vivo que nascerá mais uma vez na Igreja.
“Maranathá”, vem Senhor Jesus!
Deve brotar do nosso coração não como uma idéia bonita, mas como um clamor vital de nossa fé.
E neste vigiar devemos viver para o espírito de penitência, a Kénosis, que é o esvaziar-se de si mesmo para que o outro entre.
Olhando mais uma vez para a passagem do Evangelho de Lucas, podemos perceber que Jesus e Maria e José não encontraram  albergue naquela noite, porque estava cheia de peregrinos.
Irmãos, Deus nos procura. Que o nosso coração, apesar de ser uma gruta pobre, escura e fria, se transforme nesta Santa Hospedaria.

Leila Pereira Mauad

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