20 de maio de 2012

Imitação de Maria

Maria, desde os primórdios de sua vida, só a Deus buscava e amava. Por isso merecera de Deus todas as bênçãos, e, sobretudo, a preparação de um estado tal como fora necessário, a fim de que na pessoa da Santíssima Virgem se cumprissem os adoráveis oráculos de Deus.
    Pra obter uma feliz vocação, é mister que haja um concurso de coisas e circunstâncias que a Providência habitualmente reserva às almas fiéis, aquelas almas que a consultam sobre a escolha de um estado. Poderá esperar que lho reserve Deus, alguém que tenha aquiescido aos funestos impulsos das suas paixões?
    A Providência recolhe do seio de Maria, por seu casamento com São José, o precioso fruto das virtudes que ela com fidelidade praticou. Se só ao mundo tivesse consultado sobre a união de Maria com um esposo, sem dúvida teriam escolhido um homem rico, ou distinto pelo seu talento, ou outros dons, menos, porém um homem de virtudes, um homem que vivesse desde a infância o temor de Deus. Não por essa forma se haje o munda, senão da outra.
    Vistas interesseiras, considerações meramente humanas servem de princípio à maior parte dos casamentos. Conclusões se tiram das premissas dos bens materiais antes que do tesouro da graça.
    Daí o grande número de insucessos matrimoniais, em que os esposos vão vivendo mutuamente o seu martírio.
    Assim o permite Deus, ainda nesta vida, o não ter sido consultado sobre um negócio, cujo êxito depende de Sua sábia direção.
    Assim Ele o permite como punição por não ter feito, desde a mocidade, pela prática das virtudes, digno de sua proteção de se não ter feito pela prática das virtudes, digno de Sua proteção. A escolha dos pais de Maria, ou melhor a escolha de Deus recaiu em José, homem justo, o mais virtuoso dos homens que já nesta Terra existiu, o esposo mais digno da mais digna das virgens. Jamais casamento algum, poderia ser mais virtuoso que esse. Nem jamais houve corações que se alegrassem ao ponto dos de Maria e José, tão santamente unidos. A paz reinante naquelas almas, quem a poderia alterar?
    É que Maria e José se encontravam no estado em que Deus os quis.
    Muitos há que vivem descontentes do seu estado. Muito sofrem estes e muitas vezes aos outros fazem sofrer.
    A razão disto está em terem procurado um estado no qual não os queria Deus.
    Neles, bem se ajustam as palavras do profeta:
    "Ai de vós, filhos desertores de Minha Providência, que vos aconselhastes sem Me consultar"(Isa 30,1). A graça da vocação é uma graça importante que encerra em si mesma uma infinidade de outras. Se com a fidelidade se falta a esta graça, inútil será esperar pelas demais. Se se afasta da ordem desta Previdência especial, que prepara as graças de eleição para quem, está disposto a se conformar com a vontade Divina, logo se cai na ordem de uma providência comum, que só fornece graças comuns, com as quais alguém se poderá salvar, porém se faz temer que se não salve, ou ao menos que só se salva dificilmente.
    Consulta, pois, e roga ao Senhor, sobre a escolha de um estado, antes que delibere e dize como o profeta:"Fazei-me conhecer, os caminhos por onde deverei seguir" (Sl 142)
    Vive alma cristã, de modo tal que em ti o Senhor não veja um indigno de Seus cuidado. Se claramente não percebes a Vontade de Deus, consulta os que são aqui encarregados ou delegado de Deus, aos quais compete iluminar-te respeito do que tenhas a fazer.
    Jesus prostrou por terra, Saulo a caminho de Damasco, mas não lhe explicou os Seu desígnios a respeito dele, senão que o enviou a Ananias para que assim o conhecesse.
    Não consulte nem a seus pais a medida que o dever to exige. Pode acontecer infelizmente, que os pais dêem a seus rebentos, a respeito de vocações, conselhos em conformidade com as máximas do mundo. "Os inimigos do homem estarão em sua casa"(Mt 10,36).
    Em suma, é prudente te aconselhares com a morte, isto é decidires como certamente o farias se fosse aquela hora em que deliberas a última hora de tua vida.

"Imitação de Maria" pág.37

Nenhum comentário: