"Pai em Tuas mãos Eu entrego o meu espírito"(Luc 23,46) [...] é a última prece do nosso Mestre, do nosso Bem Amado, possa ser nossa. E que seja não somente a de nosso último instante, mas a de todos os instantes: "Meu Pai, eu me abandono em Ti; meu Pai faz de mim aquilo que quiseres; o que quer que faças de mim, eu Te agradeço; obrigado por tudo; estou pronto a tudo; aceito tudo, agradeço-te por tudo. Desde que faças a Tua Vontade em mim, meu Deus, desde que faças a Tua vontade em todas as criaturas, em todos os Teus filhos, em todos os que Teu coração ama, nada mais desejo, meu Deus, entrego minha alma em Tuas mãos, eu a dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração, porque te amo e porque me dar é uma necessidade de amor, colocar-me sem medidas em Tuas mãos; entrego-me em Tuas mãos com infinita confiança, pois Tu és meu Pai"
Se a perseguição, a esperança de um martírio próximo, a doença, a visão da morte, enfim batem à porta, que o desejo de nossa dissolução para ver Jesus se , como um fogo que se joga lenha queima mais alto e mais claro. A perseguição, a doença, o perigo é para nós este som de relógio que, a batida de hora, fazia sobressaltar de alegria alegria Santa Teresa: "Ainda uma hora a menos para estar separada de Jesus", é o apelo: "Eis o Esposo que vem"; é a esperança de que cedo estaremos unidos a Ele para sempre, sem jamais poder nem ofendê-lo, nem desagradá-lo, nem cessar de amá-Lo ou adorá-Lo, unidos àquele que amamos unicamente, que é toda a nossa vida, todo nosso desejo, todo o nosso bem, todo o nosso amor..."
" Viver hoje como se tivesse que morrer esta noite como mártir."
Teu último grito na cruz, ressoou através dos séculos, bem além da hora das trevas desta Sexta-feira Santa.
Tua suprema prece, Senhor, em meio ao abandono, completa sobre a cruz a terrível súplica iniciada no Getsêmani. Aí clamas Teu abandono total, Tua perfeita submissão a vontade do Pai. "Pai seja feita a Tua vontade", essa disposição que nos ensinaste não está no centro de toda prece! No coração de toda vida cristã...
Todas as nossas provações, Tu as levas em Teu coração, Senhor Jesus, todo os nosso gritos de dor convergem para Teu grito da Sexta-Feira Santa, todas as nossas aceitações se ligam à Tua prece suprema.
Às vezes meu ser se rebela e sou incapaz de pronunciar palavras como esta: "Estou pronto para tudo, aceito tudo". Admito em teoria a verdade que elas traduzem, mas hesito em torná-las plenamente minhas...
Quando meus lábios enunciam, talvez dolorosamente: "o que quer que faças de mim Te agradeço", estas simples palavras mudam em declaração de amor àquele que me amou por primeiro.
Fonte: "15 dias de oração com Charles de Foucauld" de Michael L.
Nenhum comentário:
Postar um comentário